sexta-feira, janeiro 21, 2011

ESTOU AINDA APEGADA...

Já falei que venho de uma família bem humilde e que a demonstração de afeto não era a base da convivência. Quando falo isso não significa que vivia num ambiente de violência, mas não eram constantes demonstrações de afetos na família, carinhos, abraços e beijos.
Mas mesmo não havendo demonstrações de afetos através das atitudes sempre fomos muitos próximos e como somos uma família grande estávamos acostumados a nos ver, conversar, partilhar ou até mesmo brigar por algumas coisas que não achávamos que o outro estava fazendo. Embora eu sempre fui uma das mais mandonas em casa, justamente por aquele status de filha única. As nossas brigas eram porque eu queria vê algum filme e eles futebol. Eles não queriam compartilhar o salário, mas queriam exigir na hora da comida. Eramos adolescentes heim? Enfim. Os amos mesmo assim. E hoje eles continuam me admirando muito e eu a eles. Percebi que cresci muito zelosa com as coisas, ou ate mesmo apegada. Sou exigente quanto a qualidade e muitas vezes marcas. Inclusive, fico chateada quando algum detalhe ou peça se quebra de algum objeto.
Hoje beijo e abraço a minha mãe com mais naturalidade, mas nem sempre foi assim. Contudo nos protegiam muito, inclusive meus irmãos não deixavam nenhum menino me maltratar, nem eu a eles. Nós fomos criados convivendo com a divisão ou compartilhamento de muitas coisas, espaços, camas, roupas, comidas etc. Eu era mais privilegiada por ser a única menina. E isso de fato fez grande diferença, tinha certo tratamento diferencial em relação aos meus irmãos, mas passei por coisas iguais ou até pior (não estou me lamentando ou querendo jogar a culpa nos meus pais, já sou crescida e preciso administrar as dores internas).
Durante a adolescência tive algumas oportunidades como estudar o ginásio em uma das melhores escolas particulares de Recife e isso me ajudou muito, pois com a dislexia eu tinha perdido 2 anos de estudo no primário. Paralelo a isso participava da integração em grupos de apoio educacional – social - saúde (AMA) da secretaria de saúde municipal, onde haviam aulas sobre o desenvolvimento do jovem, acompanhamento médico e psicológico para um melhor desenvolvimento e nestes encontros eu conheci pessoas, visitei algumas ONGs e trabalhos para jovens, principalmente meninas em condiçoes de risco. Então, essas e outras coisas contribuíram para que eu evitasse envolvimento amoroso, dizia inclusive que não queria namorar e nem casar nem tão cedo, pois primeiramente queria trabalhar, estudar, viajar e se algum dia encontrasse alguém que valesse a pena, me juntaria. E foi bom em partes, pois consegui foca os estudos e trabalho e consegui estudar e concluir o curso univesitário sem perder ano ou disciplinas. Era inclusive uma das melhores, não fácil, mas não posso dizer que foi a coisa mais impossível da minha vida.
Atualmente, nos meus relacionamentos acontecem algo que segue um pouco desse modelo. Eu não sou de exigir ou mendigar caricias, presentes, mimos. Mesmo sendo muito mimada por todos que acabam sentindo um carinho pela minha pessoa que nem eu às vezes entendo. Porem, cultivo, sou presente, mas não sou de cobrar, de estar no pé da pessoa. E muitas vezes eu sofro. Porque não costumo demonstrar o quanto quero a presença da pessoa. Sou às vezes distante. Mesmo que na verdade eu ame ficar junto, goste de presentes e mimos. Mas tem vez que crio coragem e questiono isso ao meu namorado. Mas já acabei relacionamentos porque percebi essa necessidade no outro de cobrar, de jogar na cara que estar fazendo por você e não por ele. Não quero muletas, já tenho tantas.
Contudo, não consigo dizer que não sou apegada seja aos relacionamentos, sejam aos objetos. Talvez futuramente. Pois ainda possuo muitas tendências e traços materialistas.
Pena que boa parte das vivencias me deixaram mais insegura, com pouco de descrença no futuro, as inconsistência das crenças diferentes que ainda estão enraizadas no meu subconsicente. Coisas que estão aos poucos ficando para trás com o auxilio do esclarecimento da doutrina espírita e os cuidados comigo mesma. Inclusive, de me amar mais, me permitir ser eu sem pressas e sem atropelos.
Os desencontros ainda acontecem, mas hoje posso afirmar que as amarras estão sendo desfeitas, os sentimentos estão mais aflorados, estou mais junto de quem amo, mesmo que sofra, mesmo que falar o que sinto e o que penso venha a ser um divisor. Estou num momento de desconstruir idéias, crenças, eliminar os medos da minha vivencia. Mas estou buscando ser de fato, mais amorosa, menos exigente comigo mesma nestas horas.

4 comentários:

Leo disse...

Nossa, que blog bacana, autora guerreira, do jeito que gosto! Também sou adepto da doutrina espírita, e lendo outros posts percebi que temos mais em comum. Já virei seguidor!!! Sucesso!

Adriana Alencar disse...

Você é admirável! Administrar dores internas, quanta sabedoria! É exatamente isso que devemos fazer, conviver com nossos conflitos, ao invés de culpar os outros por eles.
Tem selinho para você lá no blog!
Beijo
Adri

Greyce disse...

Oi, Analice!
Espero que vc esteja melhor.
Praticar o desapego é um trabalho constante. beijinhos

Analice disse...

é amigos de fato é bem dificil e necessário o trabalho de desapego... tanto com as coisas quanto as pessoas ou lugares... é sempre muito doloroso ainda ... mas no futuro espero estar melhor... e poder aceitar com menas dores e menos apego...

Ola, leo obrigado pela visita... que bom que temos coisas incomum....

Adriana, vou sim pegar o selinho.. obrigada!!! pela gentileza e obrigada por entender...

bjs a todos e um otimo sabado!!!

analice,